domingo, 28 de setembro de 2014

São coisas que eu sei do cotidiano:

São coisas que eu sei:
É bonito o amanhecer
Com os raios de sol
A desenhar formas em nossas manhãs
Mas nem sempre há beleza no cotidiano
A vida real é bela, mas dura
A felicidade não perdura
Saber aproveita-la é lição

São coisas que eu sei:
Há sempre uma dor a sentir
Uma fome a matar
Um problema a resolver
Um pedinte na esquina
Um errante a cumprir sua sina

São coisas que eu sei:
Há poesia, brilho nos olhos, afeição
Há transtornos, filas, amolação
Há flores, há espinhos
Há dores, há carinhos
Há sempre amor a sentir

São coisas que eu sei:
Ante a dureza do cotidiano
Temos que prestar a atenção
Devemos vivê-lo...senti-lo
Mas deixar de sonhar jamais
Pois o sonho é feito de viva emoção
Denise Severgnini

domingo, 21 de setembro de 2014


Amor-Perfeito

Naquela nuvem, naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.

Os sonhos foram sonhados,
e o padecimento aceito.
E onde estás, Amor-Perfeito ?

Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda a vida.

Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito ?

Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se alteia,
entre pálpebras de areia...

Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-Perfeito.
Cecília Meireles

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Inconformidade

É uma inquietação é um desassossego
Alma que esperneia e corpo que nem se mexe
Olho que chora e olhar que entristece
De esperança o coração ermo

Pois de fé o que entendo agora
Se a que tinha me foi tirada?
E como acreditar embora
Se a confiança não me voltou nada?

E dizes tu que nada me exige
Mas ainda assim me dediquei
Nas decepções que tive
Em outras vezes confiei

E o que sinto parece ódio
Quando diz amar e não luta
Se demasiado é seu esforço próprio
Por que em ti o que me aflige não muda?
Jucely Regis